Os polinizadores são essenciais para muitas culturas e o decréscimo nas suas populações, que se tem vindo a verificar em todo o mundo, tem particular impacto na produtividade de culturas de fruto, tanto árvores fruteiras, como hortícolas e industriais, como é o caso do pimento.

Um conceito muito explorado em pequenas hortas de uso doméstico tem sido o das consociações e culturas intercaladas, dada a possibilidade de um maior aproveitamento de espaço e recursos reduzidos. No entanto, este conceito pode também ter utilidade no caso da captação de abelhas para polinização.

Já é bem conhecida a influência da diversidade florística nas bordaduras de campos agrícolas para a manutenção de um agro-ecossistema saudável e equilibrado, em especial na relação entre plantas e artrópodes. Já noutros artigos se falou da flora espontânea como repositório de auxiliares. Esta semana divulgamos um estudo realizado no Brasil onde se testou a introdução de linhas de cultura de manjericão entre linhas de pimenteiro, como forma de atrair abelhas e verificar se desta forma se melhora a polinização do pimenteiro. No estudo original, justifica-se a escolha do manjericão devido à sua capacidade de florir o ano inteiro nas condições tropicais estudadas. No entanto, uma vez que em climas temperados ambas as culturas podem entrar em floração na mesma época, a aplicação deste estudo também poderá ser interessante em Portugal.

Nos ensaios realizados, foram comparados talhões de monocultura de pimenteiro, com talhões de culturas intercaladas. Em ambos os tipos de talhões foi observada a abundância de abelhas e também a sua diversidade (incluindo espécies tropicais para além da Apis melífera). Foi também contabilizada a produção de cada talhão.

Os resultados do estudo permitiram verificar que as flores de pimenteiro em cultura intercalada foram visitadas por mais espécies e em maior abundância do que as flores em cultura estreme. Os investigadores observaram ainda que os frutos em cultura intercalada foram mais longos, largos, pesados e com maior número de sementes do que os de em cultura estreme, sem que tenha havido uma diferença significativa no número de frutos por planta.

Este estudo permitiu concluir que mesmo numa cultura que não depende de polinização cruzada, como é o caso do pimento, a presença de maior número de polinizadores é benéfica em termos de produtividade. Concluiu também que apesar de ser mais apelativo para as abelhas, o manjericão não compete com pimento pelos serviços de polinização destas, antes pelo contrário.

A equipa concluiu ainda por estes ensaios que esta pode ser uma estratégia interessante para os pequenos agricultores conseguirem um rendimento extra nas suas explorações, através da introdução de culturas de aromáticas. No entanto, não podemos verificar na leitura do artigo se em termos de produtividade por hectare do pimenteiro esta prática será rentável, nem se será rentável a colheita de duas culturas diferentes.

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