Quando pensamos em plantas geneticamente modificadas, geralmente são associadas a culturas no campo, com características que facilitam a sua gestão, como resistência a herbicidas ou pragas, ou com benefícios nutricionais.

No entanto, a indústria farmacêutica tem pensado nas tecnologias de modificação de uma forma diferente. A facilidade com que se podem modificar certos organismos de modo a torna-los capazes de produzir certas moléculas tem vindo a gerar interesse no desenvolvimento de plantas transgénicas, capazes de produzir certas moléculas, como anticorpos, para uso em vacinas, com baixos custos de produção.

A produção de anticorpos em plantas tem o potencial de tornar certas vacinas muito mais acessíveis, o que tem grande relevância quando se pensa em doenças como a raiva, a tuberculose ou a sida, cuja prevalência em países em desenvolvimento é muito grande. De facto, vacinas já hoje existentes, como a da raiva, têm preços proibitivos para certas regiões do mundo, regiões essas onde a doença está presente na fauna local, sendo um risco constante para certas faixas da população como as crianças.

Um grupo de investigação com resultados muito interessantes está localizado em Londres, na St. George’s University, sendo o único laboratório de biologia molecular vegetal sediado numa escola de medicina. Neste laboratório os grupos multidisciplinares trabalham em conjunto para desenvolver novas soluções desde os protocolos de transformação de plantas até aos ensaios clínicos. Contam ainda com investigadores na parte da propriedade intelectual, que trabalham formas de tornar os novos métodos acessíveis àqueles que mais necessitam.

Os processos de produção em desenvolvimento baseiam-se em alguns mecanismos essenciais que, quando combinados, tornam as plantas em fábricas de compostos complexos com grande utilidade. Para além da transformação molecular das plantas, de modo a inserir os genes que codificam as moléculas de interesse, é necessário desenvolver um mecanismo que impeça a própria planta de degradar estes compostos estranhos ao seu organismo, ao mesmo tempo que também é preciso desenvolver uma forma de extrair facilmente os compostos produzidos. Uma forma expedita de obter os produtos é através da secreção dos compostos desejados pelas raízes.

Uma forma desenvolvida para a produção de anticorpos baseia-se na cultura de plantas de tabaco transgénicas, num meio de cultura hidropónico enriquecido com nitratos. Estas plantas são capazes de produzir uma imunoglobina humana, que é segregada para o meio de cultura. O meio é depois filtrado, com filtros com dimensões de micrómetros, e purificado para obtenção das imunoglobinas com uso humano.

Com estas metodologias, os investigadores contam conseguir desenvolver formas expeditas e economicamente acessíveis de produção de anticorpos e vacinas. Contam que as tecnologias possam facilmente ser transferidas para regiões do mundo onde os elevados preços de certas vacinas as tornam proibitivas, com a consequente carga de doença e mortalidade.

Agrónomos, biólogos, médicos e advogados trabalhando em conjunto para salvar vidas.

 

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